Fonte:
Doutrina Catolica
Transmissão:
Rondinelly Ribeiro
Estamos diante de uma obra que suscitou muita controvérsia: o "Proto-Evangelho de Tiago", também conhecido como "Livro de Tiago" ou, ainda, "A Natividade de Maria".
Sua autoria é atualmente tida como
desconhecida, embora o autor se identifique como Tiago (cf. XXV,1),
provavelmente para oferecer um certo grau de credibilidade ao seu escrito. Os
críticos, porém, não concordam que esta obra tenha como autor um judeu em virtude
do desconhecimento que o autor parece ter da religião judaica.
A data de composição é tão discutida
quanto a sua autoria, variando de 60 dC até o fins do séc. II. Boa parte dos
estudiosos crê que a obra tenha surgido antes mesmo dos Evangelhos canônicos de
Mateus, Marcos, Lucas e João, motivo pelo qual, a partir do séc. XVI, passaram
a chamar a obra de "Proto-Evangelho", isto é, "primeiro
Evangelho".
Seja como for, o fato é que tal escrito
gozou de grande estima entre os primeiros cristãos, incluindo grandes figuras
eclesiásticas como Clemente de Alexandria, Orígenes, São Justino e Santo
Epifânio. Também notável foi sua contribuição para a Mariologia e a liturgia da
Igreja.
A obra se inicia com o nascimento de
Maria Santíssima, sua consagração no Templo, o casamento com José, a concepção
de Jesus, a visita dos Reis Magos e a perseguição e matança das crianças
inocentes.
Alguns pontos chamam a atenção: os
nomes dos pais de Maria: Joaquim (I,1) e Ana (II,1); esta é estéril (II,1);
Maria é consagrada ao Templo aos 3 anos de idade (VII,2) e lá fica até
completar os 12 anos (VIII,2); José é então escolhido para ser o esposo de
Maria (IX,1), embora fosse velho e tivesse filhos, por ser viúvo (IX,2; cf. Mc
6,3 e paralelos); a anunciação feita por Gabriel é extremamente semelhante ao
que lemos em Mateus e Lucas, embora possua maior riqueza de detalhes (XI); o
mesmo se pode dizer do episódio em que Maria visita sua parente Isabel (XII);
em virtude de sua gravidez inesperada, é interpelada, juntamente com José, pelos
representantes do Templo (XV e XVI); indo para Belém, terra de José, por
ocasião do censo, Maria vem dar à luz ao seu Filho em uma caverna e uma
parteira é chamada para os serviços de parto (XVIII,1); para espanto da
parteira, Maria permanece virgem mesmo após o parto de Jesus (XIX e XX); a
visita dos Magos também segue próxima ao Evangelho de Mateus; por fim, quando
Herodes manda matar as crianças, Zacarias, pai de João Batista, é assassinado
no Templo, acusado de ter escondido seu filho, que também contava com poucos
meses de idade (XXIII e XIV).
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