"Também vós leigos podeis viver a espiritualidade das Filhas de Sant'Ana; ser os cem braços e chegar lá onde as Filhas não podem chegar" Intuição de Rita de Maggio - 09 de dezembro de 1981


Madre Rosa Gattorno


Rosa Maria Benedetta Gattorno (Madre Rosa) nasceu no dia 14 de Outubro de 1831 em Gênova – Itália. Filha de Francisco Gattorno e Adelaide Campanella. Foi batizada no mesmo dia do nascimento. Recebeu a 1ª Eucaristia aos 11 anos de idade e em 19 de abril de 1843 recebeu o Sacramento da Confirmação (Crisma). Aos 21 anos em 05 de novembro de 1852 uniu-se em matrimônio a seu primo, Jerônimo Custo. Dessa união, nasceram três Filhos: Carlota, Alexandre e Francisco. Provada pela dor, não se fechou em si mesma – a  enfermidade da primeira filha que ficou surda-muda, a doença e a morte do marido, seguida, em breve tempo, pela morte do terceiro filho com apenas 7 meses de idade.
Tudo isto a fez compreender melhor os que sofrem, oferecendo-se como modelo ao Laicato (Leigos) comprometido de Gênova: dedicou-se à visita aos enfermos a domicílio e nos hospitais da cidade; interessou-se pelas jovens “em perigo”, animou numerosas Pias Uniões, mereceu sua especial atenção a Pia União das Filhas de Maria Imaculada, cujas regras corrigiu e da qual foi presidente.
          Recebida a inspiração para uma nova fundação, lutou para não deixar os seus filhos e somente aceitou a responsabilidade de Fundadora, mediante a expressa ordem do Papa Pio IX, que lhe profetizou: “Teu Instituto se estenderá rapidamente como o vôo de uma pomba por todas as partes do mundo”. Assim, iniciou a “Obra de Deus” em Piacenza, no dia 08 de dezembro de 1866, com a primeira vestição, que marcava o início oficial da Nova Família Religiosa: Filhas de Sant’Ana.
         A Expansão do Instituto foi rápida, contando com 06 casas e 111 religiosas em 1871 na Itália. Em 1873, um hospital, quatro colégios e uma casa para domésticas. Madre Rosa também fundou um Instituto de religiosas contemplativas formadas por moças surdas-mudas em Piacenza. Em 25 de novembro de 1878, 16 religiosas partiram para a Bolívia. As Filhas de Sant’Ana chegaram ao Brasil em 1884 no estado do Pará. Em 1888 foram enviadas por Madre Rosas as primeiras Irmãs para às Missões na África.
          Rosa Gattorno seguiu o Senhor “Seu Bem” pelo caminho do amor generoso, pronta a tudo, pelo caminho da humildade e da penitência, no desejo de construir o Reino de Deus em toda parte. Foi enriquecida de particulares dons místicos, dom de curar e de perscrutar os corações.           
            Morreu em Roma, na Casa Geral, no dia 06 de maio de 1900. O Instituto contava com 368 casas e mais de 4.000 Irmãs. Seus restos mortais foram exumados em 1932, reexumados em 1981, encontrados incorruptos, agora repousam em um sarcófago, na Igreja de Sant’Ana, Via Merulana em Roma.
          Foi beatificada em 09 de Abril de 2000 pelo Papa João Paulo II na Praça de São Pedro em Roma. Agora esperamos em breve a sua Canonização.
No estruturar-se histórico do carisma, justamente porque uma realidade dinâmica e atenta à história, a presença de Sant’Ana na Família Religiosa, colocada por vontade de Deus sob a sua proteção, deu espessura bíblica, configuração, além de conteúdo ao carisma, assumindo a espiritualidade do “pequeno resto” e que em termos atuais se traduz:

1.    ser sinal de espera e de dom
2.    discípulo (a) de Jesus Servo
3.    colaborar na obra de salvação
4.    firmemente apoiados sobre três pilastras:
·         pobreza de coração
·         doação materna
·         espírito de família

1.    Sinal de espera e de dom

 Partícipes da espiritualidade de espera que envolvia a vida e impregnava os pensamentos e sentimentos, as atitudes e os desejos do “pequeno resto de Israel”, ao qual pertencia Sant’Ana, nos vem solicitado de carregar em nós e de anunciar a alegre certeza que Deus é a nossa única herança. Somos chamados, então, a proclamar a fidelidade do amor de Deus indicando Cristo como a realização da Promessa. Somos chamados a sustentar a fé e a esperança do homem de hoje diante do desalento, da dispersão e da perda de sentido que ofusca a esperança. Isto exige o fazer-nos atentos ao grito da humanidade que quer viver; presentes com gestos de amor, de misericórdia e de ternura onde o homem é mais vulnerável; a serviço da vida que se doa sem limites e sem recompensa, no sacrifício silencioso e escondido.

2.    Discípulo (a) de Jesus Servo

 Exige que os traços essenciais do Servo penetrem na nossa vida e sejam os motores do nosso existir, vivendo a entrega total da nossa existência, como Jesus sobre a Cruz. “Sobre o altar do sacrifício duas são as vítimas”. (Madre Rosa).

3.    Colaborar na obra da salvação

Madre Rosa escrevia: “Devem se empenhar para o incremento da Santa Fé”. “Pela obra do Senhor se deve andar sem descanso...” “Quantos existem que não Te conhecem e aqueles que Te conheceram, fogem de Ti por não te terem visto. Eu queria correr em todos os lugares e gritar forte que todos venham a amar-te”.

4.    Firmemente apoiados sobre três pilastras

Pobreza de coração: atitude do anawin, o humilde diante de Deus, que fundamenta a sua vida na certeza da fidelidade de Deus à promessa. É o modo de ser de quem testemunha que Deus é a única herança e proclama com a vida que o mundo não pode ser transformado senão com o espírito das bem-aventuranças. Em  síntese  podemos  dizer  que  a  pobreza  do  coração  é  responder  a  Deus.  Encarado  como  único  e  supremo  bem;  e  considerado,  portanto,  como  única  herança.
            O  final  da  chamada  dos  leigos  é  “caminhar  pela  santidade  seguindo  Cristo  no  mistério  da  sua  pobreza...” .  E  ainda:  “vivem  a  sua  consagração  batismal  na  pobreza  do  coração  que  se  torna  para  eles  seu  modo  de  ser,  de  viver  e  de  existir  que  qualifica  a  sua  presença  no  mundo  e  informa  o  seu  estilo  de  vida”.
            Estes  três  verbos:  ser-viver-existir  encontramos  uma  vez  no  Novo  Testamento:  “Nele  vivamos.  Nos  movamos,  existamos...”  (Atos 17,28).  “Nele”, isto  é,  em  Deus.


Doação materna: sinal dos traços maternos de Deus, de um amor puro e gratuito, de um amor fiel que sabe começar sempre, de um amor misericordioso capaz de gerar o outro, fazê-lo existir porque amado, acreditado, perdoado. Um amor que se doa seguindo a lógica evangélica: perder para encontrar, morrer para viver. “Como uma mãe consola um filho, assim eu os consolarei”. “Esquece-se uma mulher de sua criança, assim de não comover-se pelo filho de suas entranhas? Mesmo que existisse uma mãe que se esquecesse, eu, ao contrário, não me esquecerei nunca”. Bento XVI, no livro Jesus de Nazaré, tem uma afirmação que ilumina a realidade de Deus Mãe e indica como deixar-se amar para tornar-se sempre mais amor-dom: “De modo particularmente tocante aparece o mistério do amor materno de Deus na palavra hebraica rahamim, que originariamente significa “seio materno”, mas que depois se torna o termo para indicar o “compadecer” de Deus com o homem. O seio materno é a expressão mais concreta do íntimo entrelaçamento de duas existências e das atenções para com a criatura fraca, dependente que, corpo e alma, é totalmente guardada no seio da Mãe.”

Espírito de família: o estilo de vida tipicamente familiar se revela na qualidade das relações simples, espontâneas, confiantes, essenciais, abertas, capazes de se viver quase como cidadãos do mundo, porque constantemente alimentados pela única certeza: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Único”. Somos chamados a colaborar a partir de dentro para que a humanidade se faça família de Deus.