Roma, 9 de dezembro de 1981 – 9 de dezembro de 2011
“Cantar sem fim as graças do Senhor,
Celebrar o Senhor porque é bom,
Porque eterno é o seu amor por nós”.
“Apenas é duradouro o que é feito por Deus”
(M. Rosa)
Caríssimos irmãos e irmãs,
Quero cantar junto com vocês as graças que o Senhor nos concedeu, dando vida ao Movimento da Esperança em 9 de dezembro de 1981, por ocasião da celebração final da exumação de Madre Rosa. Neste ano celebraremos os 30 anos de vida: 9 de dezembro de 1981- 9 de dezembro de 2011.
Durante todo esse tempo o Salmo citado sempre me acompanhou. Foi o Salmo Responsorial da Celebração Eucarística daquele evento, ao qual participei inesperadamente e em absoluta aridez espiritual, graças ao convite de Soror Ana Antonietta d’Agostino, então Superiora do Colégio de Potenza, onde eu trabalhava como educadora. Os compromissos que o Senhor, em sua bondade, determina para cada um de nós, mas sempre para um bem maior, ultrapassa todas as nossas perspectivas e todos os nossos programas.
O Senhor não faz a experiência quando tudo é planejado, quando te sentes em pleno vigor, quando tiveres resolvido cada coisa, mas somente quando o Pai deseja. É Ele que escolhe o lugar, o tempo, a pessoa... A sua pedagogia é totalmente diferente do nosso modo de ver, de sentir, de realizar... A Obra de Deus não nasceu na “mesa”, mas em silêncio e sem qualquer programa de humanos... Esta foi também a origem do Movimento da Esperança.
Nestes trinta anos experimentei concretamente que Deus, de certa maneira, é “ciumento” de suas obras - “como Deus é mais ciumento de seu trabalho” (Madre Rosa) –e é por isso que Ele não escolhe os “capazes”, nem os “poderosos”, nem os “sábios” segundo a carne, como recorda São Paulo, mas escolhe “ as coisas loucas do mundo... o fraco... o vil e desprezado... escolheu o que é nada... para que ninguém possa gloriar-se diante de Deus” (1 Cor 1, 26-28).
“O Caro Jesus está satisfeito com a sua Obra, irá proporcionar grandes coisas; serve-se de instrumentos, os mais miseráveis que somos e deste asno que nada de bom faz, só estragam e nada mais”.
“Sim, Meu Amor, só (e sei que é) o que é feito por Ti é duradouro e não sujeito à corrupção. Virão inimigos, combaterão, mas o que vão fazer? Outros levarão tua obra a uma maior consolidação e nada mais... A construção bem batida é mais sólida”.
Todo artista é ciumento de sua obra.
As experiências foram tantas que é difícil resumi-las nesta carta circular. Porém posso testemunhar que a graça do Senhor operou cura de corações, chamou alguns para a vida religiosa, iluminou os jovens sobre a santidade do Sacramento do Matrimônio, reconstruindo famílias, deu à luz à filhos abertos à vida e educando-os à fé; tirou da morte tantos irmãos e a tantos deu um novo sentido para a vida.
Minha gratidão ao Senhor é para as queridas Irmãs Filhas de Sant’Ana, para Maria Raimondi e para Don Sérgio, que, na linha de frente, acolheram e ajudaram a fazer crescer esta “semente”.
Aqui está uma pequenina história:
Ø Madre Elda e seu Conselho (uma das Conselheiras era Madre Maria Luisa), que teve a intuição de exumar Madre Rosa nos 150º anos do seu nascimento.
Ø Soror Ana Antonietta d’Agostino que me resolveu convidar a participar da celebração final do evento e que, ao meu retorno a Potenza, acolhe com as mãos cheias a “semente” da vida, impelindo a minha resistência a dar os primeiros passos e participou da primeira reunião em 16 de maio de 1982, na casa de Maria Raimondi em Foggia (pois a Superiora Giulietta nos disse que não era possível nos encontrarmos em “Maria Grazia Barone”, onde era a comunidade, por que haveria um encontro de religiosos a nível diocesano). Éramos somente cinco.
Ø A Mestra Soror Ana Teresa Portura a quem confiei imediatamente a minha experiência depois da celebração e que me encorajou muito.
Ø Soror Ana Letizia Rosa, naquele tempo Provincial de Napoli, que me recebeu muito bem, oferecendo todo o seu apoio e participando do nosso segundo encontro em 5 de setembro de 1982, ainda em Foggia (que naquele tempo fazia parte de sua província religiosa), a “Vila O Rei”, onde ficava outra comunidade das Filhas de Sant’Ana. Pensávamos de ser mais em número e em vez... encontramos apenas três: Maria, eu e Soror Ana Letizia.
Ø Soror Ana Ângela Florio com o seu “aperto de mão” naquela celebração... e depois, tornou-se Assistente, lhe foi dado por Madre Virgínia a tarefa de acompanhar-nos. Isto ela fez por doze anos, dando a sua forte e alegre disponibilidade em tudo... Poderia também deixar-nos saborear a pesquisa sobre Madre Rosa, proporcionando-nos conhecer mais a fundo a sua vida e o seu pensamento espiritual, mesmo quando nós não estávamos na posse de todos os documentos que temos hoje, agradecemos ao Senhor.
Ø Madre Virgínia a quem comuniquei o evento e, sempre atenta aos sinais do Espírito, intuiu rapidamente que era um projeto do Senhor. Era, então, a Provincial de Piacenza. Encontramos-nos no mês de março de 1982, por ocasião da peregrinação ao túmulo do P Tornatore, que acabara de ser trasladado para a Casa Madre. Então tivemos a oportunidade de falar de perto. Me disse que havia tomado conhecimento da notícia muito bem e encorajou-me muito e tornou-se plenamente disponível em compreender os sinais da vontade do Senhor sobre tal realidade, que apenas germinava. Depois da sua eleição como Madre Geral, por 18 anos, sempre impulsionou o nosso caminhar, dando-nos com firmeza todo o seu apoio materno.
Ø Maria Raimondi, que foi um pouco o meu “estímulo”. Não nos conhecíamos, apesar de ser quase da mesma cidade. Nunca nos teríamos escolhido para compartilhar uma experiência de vida: pela idade (eu tinha trinta anos...), pelo modo de pensar, por personalidades diferentes... E isso me tem ensinado que o Senhor não chama os “semelhantes”, por que: "Se amas aqueles que te amam que mérito tens? Não fazem isso também os pagãos?” Apesar de tudo nós compartilhamos, sofremos, nos alegramos juntas... Posso dizer que com ela eu experimentei a verdadeira amizade, que não é baseada em simpatia recíproca, sobre pensamentos em uníssono, em concordar... Uma confirmação de modo muito especial foi o dia de seu retorno à casa do Pai: à tarde de 9 de dezembro de 2008, quando lhe estava telefonando, ao mesmo tempo sua irmã Angélica me chamou ao telefone para dar-me a notícia...
Ø Dom Sérgio, que em todos estes anos nos fez crescer no conhecimento da Palavra de Deus, fazendo-nos navegar nela e iluminando-nos sempre mais sobre a História da Salvação, história de “pobres”, mas, sobretudo, história do POVO, do SERVO. Num primeiro encontro, Maria Raimondi disse que conhecia um sacerdote – Don Sérgio – que poderia ajudar-nos e que já vivera a nossa espiritualidade. Precisamente, quando em 1982 foi perguntado sobre sua disponibilidade, logo aceitou, acreditando que estava começando um trabalho de Deus. E, de fato, desde o início sempre serviu na mais absoluta gratuidade e dedicação paterna. Também neste ano, em que se completa o 25°ano do primeiro curso de exercícios espirituais que se realizam desde 1986, o Senhor deu-lhe a capacidade e a força, como por vários anos, de conduzir quatro cursos de exercícios viajando de Norte a Sul no verão. Porém, dada a sua saúde e a idade que vai avançando, a Divina Providência neste ano, como ele sofre muitíssimo com o calor, presenteou-o com uma temperatura amena: de 25°...
Esta é a origem do Movimento da Esperança!
No livro “O Dom de Deus a Rosa Gattorno”, na página 20 se lê:
“A harmonia entre o que o carismático experimenta na solidão com o seu Deus lhe manifesta através de outras pessoas enviadas para uma missão em favor do seu próprio “Dom”, determina a docilidade para concretizar o “Dom” na originalidade querida pela Providência”.
Ressalto que a “pessoa carismática”, é sempre e apenas Madre Rosa para todos nós da Família de Sant’Ana, porque o “carisma” é um “dom” que ela recebeu diretamente de Deus e que depois de tantos anos, a Providência Divina, desejou transmitir também para todos nós, em diferentes expressões e que o Espírito Santo vislumbrou no ano de 1872.
Escreve em sua Memória:
“Na distância eu vejo muitas coisas boas para o nosso Instituto. Uma luz me deixa ver o grande panorama da ordem no futuro; posso dizer que era tão bonita, e se entrelaçava , era a ordem divina, que eu fiquei em êxtase e gozava, ao mesmo tempo via nele numerosos sofrimentos. Aquela visão em nada me espantou”.
Convido todos a “celebrar o Senhor... e a cantar sem fim a sua graça...” por estes 30 anos, fazendo memória de todas as intervenções feitas por Deus em nossa própria história pessoal, de grupo e da Família Carismática.
Por tudo o que foi relatado não podemos deixar de celebrar este evento no lugar particularmente querido a todos nós e onde a semente foi lançada.
Eu então marquei um Encontro Celebrativo com as Equipes Territoriais da Itália, em Via Merulana, de 9 a 11 de dezembro, com a esperança de contar com a presença, ao menos no dia 9, das Irmãs nominadas nessa crônica-história, Madre Maria Luiza e Assistente, a Provincial Silvia. Na oração nos sentiremos em comunhão com todos vocês, irmãos e irmãs espalhados pelo mundo e que não podem realmente estar presentes.
Parabéns afetuosos aos irmãos e irmãs de Filottrano que, dia 14 de outubro, celebrarão os 25° ano de caminho no Movimento: por intercessão de Madre Rosa, porque continuam mantendo vivo o carisma naquela terra, já que a comunidade das caríssimas irmãs Filhas de Sant’Ana foi fechada e são um sinal da misericórdia do Senhor no meio do povo.
No dia 13 de outubro partirei para a cara terra do Brasil e, se o Senhor o desejar, meu retorno para a Itália está previsto para 22 de novembro. Peço-vos que me acompanhem com a oração, para que possa ser um tempo de graças por tudo aquilo que o Pai, em sua divina Providência, quer realizar.
Um alegre parabéns os irmãos e irmãs do Movimento do nordeste do Brasil, que encontrarei primeiro, pelos 20 anos de Encontro Territorial, que celebraremos em Carpina de 21 a 23 de outubro: que este possa ser um momento de reavivamento da missão como Movimento, para que tantas famílias, tantos jovens, tantas outras pessoas possam ser alcançados pelo anúncio do “Bem Amado”, realizando assim, também hoje, o grande desejo de Madre Rosa de querer correr em qualquer lugar, para gritar bem forte a importância de conhecer o Senhor.
Por motivo de minha viagem vos envio antecipadamente a Celebração do Tempo do Advento. O tema da reflexão que este ano Don Sérgio lhes oferece nos ajuda a entrar mais profundamente no “segredo” da “oração dos pobres”: Os Salmos (cfr D.B. pag 111), que devem tornar-se sempre mais a nossa oração privilegiada, como fidelidade ao “carisma que Madre Rosa recebeu, viveu e transmitiu e em comunhão com toda a Igreja.
Ler no Documento de Base o n° 21, página 139:
“Animados pela esperança de salvação, os Salmos são luz e conforto durante os longos séculos que preparam a vinda de Cristo e constituem a oração doméstica e oficial de Israel, no seio da qual se encontra Ana, a Santa Mãe de Maria, que, em comunhão com o seu povo, na humilde oração, confiante e escondida, esperava com lágrimas e suspiros
“... tinha em mim como o cumprimento de todas as justiças, e toda a santidade da lei antiga; descansou em mim os gemidos, os suspiros, as lágrimas e as orações de todos os Justos do Antigo Testamento, porque para mim, como raiz fecunda de Jessé, germinaram
a minha filha, Maria Imaculada e
Jesus Cristo seu filho e filho de Deus,
fonte da nova lei do amor”
(Regra de 1869, 1.3)
Comunico-vos que os Exercícios de 2012 serão em Roma no período de 27 de julho a 01 de agosto.
Asseguro-vos a minha lembrança na oração. Peço ao Senhor, por intercessão de Sant’Ana, Maria e Madre Rosa que possa reacender em nós o desejo do anúncio: conscientes da nossa doença profunda, mas de haver encontrado o médico certo e começado a sua terapia. A esperança é que outros tantos “doentes” possam receber o anúncio para serem eles também acolhidos e curados...
Boa missão e bom caminho!!!
Abraço-vos sempre com grande afeto
Rita
Nenhum comentário:
Postar um comentário