"Também vós leigos podeis viver a espiritualidade das Filhas de Sant'Ana; ser os cem braços e chegar lá onde as Filhas não podem chegar" Intuição de Rita de Maggio - 09 de dezembro de 1981


sábado, 1 de dezembro de 2012



ADVENTO 2012
"SEJA IRREPREENSÍVEL A SUA CONDUTA ENTRE OS GENTIOS" (1 Pd 2,12)

Irrepreensível”: palavra difícil e, sobretudo, de responsabilidade! Vou dizer-vos: por tudo aquilo que faz ou como vive, ninguém pode mudar qualquer anotação; ou levantar-se contra criticas ou reprovações de qualquer tipo. Em resumo: não precisa ter medo.
         Uma conduta irrepreensível pode, portanto, parecer uma tarefa difícil; mas os Apóstolos, em suas cartas, parecem não conhecer outro tipo de recomendação. Mesmo Pedro insiste: “esforcem-se para que Deus os encontre sem mancha e sem culpa, vivendo em paz.” (2Pd 3, 14) e “assim como é santo o Deus que os chamou, também vocês tornem-se santos em todo o comportamento” (1Pd 1, 15).
          Mesmo sabendo que o seu povo está firme na verdade que possuem, Pedro preocupa-se para que, mesmo depois de sua morte, eles não se esqueçam de suas exortações. (2Pd 1,12-15).

           “Manter-se acordado” com exortações semelhantes, é uma ânsia que acompanha também muitos ensinamentos de Paulo. Ele deseja a santidade de vida do cristão: “Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1, 4). Pressionando os Filipenses, recomenda a orientar para o melhor e ser “íntegro e irrepreensível” para o dia de Cristo (1,10). Por isto, façamos “tudo sem murmuração e sem críticas. Sejamos irrepreensíveis e simples..." (2, 14-15).
            Aos Colossenses recordará que Deus os reconciliou para serem, agora, santos, imaculados e irrepreensíveis diante dele (1, 22).
            Aos Tessalonicenses, Paulo mostra-se como “pai” com seu comportamento santo, justo e irrepreensível, para que eles também se comportem de maneira digna daquele Deus que os chama à sua glória. (1Ts 2, 10-12). Portanto, estejam “ firmes e irrepreensíveis na santidade diante de Deus” (1Ts 3,13) .
             Enfim, afetuoso, deseja: “Que o Deus da paz conceda a vocês a plena santidade. Que o espírito, alma e corpo de vocês sejam conservados de modo irrepreensível para a vinda de nosso Senhor.” (1Ts 5, 23).
             Também Tiago deseja... “sejam perfeitos e íntegros, sem nenhuma deficiência”. (Tg 1, 4).
              E até mesmo em uma breve carta como a de Judas, esta atitude é recomendada: “que o Senhor vos preserve de qualquer falta para que vocês compareçam diante de sua glória, sem defeitos e na alegria.” (24)
              Mais forte é João: “sabemos tê-lo conhecido, se observarmos os seus mandamentos. Quem diz que conhece a Deus, mas não cumpre os seus mandamentos, é mentiroso e a Verdade não está nele” (1Jo 2, 3-4).
              O Apocalipse, ao invés, enfatiza os frutos de um comportamento fiel e perseverante, “de quem tem ouvidos, isto é, quem escuta aquilo que o Espírito disse à Igreja” (2 e 3).   
         
               Mas o pedido de uma conduta santa encontra sua raiz na fé dos Patriarcas: para Abraão, Deus falou: “caminha na minha presença e sê perfeito” (Gn 17, 1).  Isaac caminhará com o Senhor, obediente e homem de paz, (Gn 22, 7-10). Muito atormentado foi o caminho de Jacob, mas o conduzirá a uma “benção” celeste! (Gn 28, 12-15 e 32, 27-30).
              Depois com Moisés, se dará a revelação e o convite para a “aliança” com Deus, que ama o seu povo e está perto, para conduzi-lo à ...santidade!
               “Assim ordenará a toda a comunidade – dirá Deus a Moisés – sejam santos porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. (Lv 19,2).
               O comprometimento do povo?...
               “Escutar” cada dia aquela “palavra” que lhe queimará a alma! Sim, Israel, tu amarás o Senhor Deus com todo o teu coração, com toda a alma e com toda a tua força. (Dt 6,4-5).

                De tudo o que foi revelado (... e ainda não é tudo) parece evidente o motivo de tanta insistência por parte dos apóstolos nesta recomendação, isto é, um comportamento irrepreensível: a vida de cada homem se concluirá “diante de Deus” no “dia do Senhor”, quando com todo o coração, com toda alma, com todo o nosso ser, seremos revestidos da mesma caridade divina e este abismo, torna-se louvor sem fim da glória de Deus! (Ef 1,12)
              Este é o sentido da vida que os apóstolos não se cansam de testemunhar, de anunciar: mesmo antes da criação, o homem é um “predestinado” a viver a mesma hereditariedade do Filho eterno de Deus! (Jo 17, 24-26)

               Mas não basta! O empenho de “manter acordados” os fiéis – como disse Pedro, (2 Pd 1, 12-13) – recordando sempre “quais são as riquezas da glória dessa herança” (Ef 1,18) e que responsabilidade de “dever agradar a Deus”, conhecendo que a “sua vontade é... a nossa santificação” (1 Ts 4,1. 3), evidencia outra preocupação dos apóstolos, que não podem silenciar: a história é atravessada por um inimigo!
               Isto está em vigor, o “mistério da iniquidade” (2Ts 2): deve vir primeiro a apostasia, depois aparecerá o homem ímpio, o filho da perdição "...
               Os apóstolos não temem: o Senhor está conosco, nós o vimos, possuímos seu “pensamento”, com Ele dividimos os “sentimentos”, somos movidos por seu amor ao revelar-nos “deixa que os mortos enterrem seus mortos” (Mt 8,22), incessantemente, a misericórdia de Deus.
               Portanto, não ignoram as “maquinações de satanás” (2 Cor 2,11), mas tremem ao pensar que os seus fiéis possam “cair em qualquer tentação” (Mt 26,41). Compreende-se neste propósito, a preocupação de Paulo: “não podendo mais suportar, mandei colher informações a respeito de vossa fé, temendo que o Tentador vos tivesse seduzido, tornando em vão o nosso trabalho.” (1 Ts 3,5).
               Torna-se, então necessário um comportamento “irrepreensível”, para desmascarar a cilada de tal adversário.
               “Homicida desde o princípio – revela Jesus – e pai da mentira, porque não perseverou na verdade”.(Jo 8,44). “Como um leão rugindo - confirmará Pedro – vai procurando a quem devorar” (1Pd 5,8).
                Odeia Deus, espalha divisão, é “forte em iludir”...

                Para João é o “anticristo” (1Jo 4, 1-6); seduz e engana os homens para depois acusá-los diante de Deus e com sorriso infernal, blasfema e acusa Deus diante dos homens. É o terrível “dragão do Apocalipse” (12), o “príncipe do mundo" (Jo 14,30). Por inveja, causa destruição e guerra; trevas e morte (Sb 2, 24). Para sua decepção tudo se torna tão fugaz; tudo se corrompe e se dissolve: céu e terra passam com um estrondo. (2Pd 3, 9-13).
               “Não restará pedra sobre pedra que não seja arruinada...” (Mt 24,1-2). Mas o diabo não tem nenhum poder sobre Jesus! O Senhor o destruirá com o sopro de sua boca e surgirá o esplendor de sua vinda!

                Não obstante a dureza de Satanás que de bom grado iria arrastar a nossa pobre história ao inferno, os sofrimentos do tempo presente nada são para comparar-se à glória futura. As dores do mundo, segundo a feliz intuição de Paulo, não é evidência de uma falha, mas sim um sinal de que o universo está se preparando para um nascimento. A criação geme, mas para dar à luz: novos céus e nova terra! ...(Rm 8, 18-23).
                 Portanto, com impaciência, os atuais sofrimentos estão esperando a revelação dos filhos de Deus; a última e definitiva vitória de Cristo, que sentado na glória do Pai, pode interceder e “resgatar-nos deste mundo perverso” (Gl 1,4).
                  Também se “no presente não vemos ainda todas as coisas que lhe estejam submissas (Hb 2,8) – em virtude do poder que tem de submeter a si todas as coisas – todavia o seu amor atrai-nos e se transforma para o dia final, conformando nossos corpos humilhados, ao seu corpo glorioso” (Fl 3, 21)

                   Advento é, portanto, tempo de vigiar: este evento vai acontecer!

                   Como nos encontraremos “qualquer dia” diante de Deus?
                   Cara irmã ou irmão, em que ponto está teu caminho de “santificação?”
                   Advento é também tempo de sobriedade: para tratar seriamente, tenhamos atitudes de conversão. É necessário um exame acurado e profundo da vida, para suplicarmos ao Senhor cura e salvação.
                   O apóstolo pode ajudar-te. Paulo vê o desencadeamento de nossas paixões, o abandono da verdade, o desprezo do conhecimento de Deus! Podes começar a examinar-te sobre aquele... elenco de Romanos 1, 28-32.
                   Para Paulo, é central na vida o mistério pascal; confessará: “Cristo me amou e deu sua vida por mim: agora vive em mim!” (Gl 2, 20). Mas Cristo morreu por todos no tempo previsto (Rm 5, 6-8), eleito para servir como instrumento de espiação... no seu sangue (Rm 3, 25).

...”pagando alto preço pelo teu resgate! (1 Cor 6,20; 7,23) agora somos seus” (1 Cor 3, 21-23).

                 Por isso o apóstolo sofre “ciúme divino”: eu os entreguei a um  “esposo” único! (2 Cor 11,2). “O teu corpo não é para a imoralidade e, sim para o Senhor; é templo do Espírito Santo” (1 Cor 6, 12-19).
                 Você está consciente da desordem sobre a vida sexual?
                “Você foge da fornicação?”
                  Quanto e como você vive sua pertença a Cristo? (Rm 7,4 e Gl 3,29).

                  Não é o mais graves entre os pecados, mas, entretanto, Paulo frequentemente adverte sobre o respeito ao próprio corpo como ao corpo do outro e vê a fornicação como a que ocupa o primeiro posto entre as obras da carne. (Gl 5,19 e 1Cor 5,11).
                 Assim sobre os pecados cometidos pelo povo no deserto – gravíssimos –  Paulo só mostra o número dos caídos os que praticaram a fornicação (1Cor 10,1-13). Tem medo de ter que chorar sobre muitos fiéis ainda não convertidos de impurezas, de prostituição e lascívia. (2Cor 12,21).
                 Cegueira, ignorância, dureza de coração, insensibilidade, entregaram-se “a toda sorte de impurezas com ávida insensibilidade” (Ef 4,18-19).
                Paulo não tolera que os seus fiéis venham a ser feridos e enganados a propósito do comportamento com seu próprio corpo: “Deus não te chama à impureza, mas à santificação” (1Ts 4, 2-8). E quanto à fornicação e qualquer espécie de impureza e cupidez, nem sequer se fale entre vós” (Ef 5,3-4).

              Mas o apóstolo se preocupa que seus fiéis cometam outro grave pecado: “o amor ao dinheiro. É a raiz de todos os males. Porque nada trazemos para este mundo e nada podemos levar. Então, quando tivermos o que comer e o que vestir, contentemo-nos com isso”. (1 Tm 6, 7-10)
             A pobreza ensinada e abençoada pela palavra e pelo exemplo de Jesus, continua a ser um compromisso constante na pregação apostólica: Tiago, Pedro e João como um sinal de comunhão com a missão de Paulo, rezarão para lembrar dos pobres (Gl 2, 9-10). Será grande , portanto, o zelo de Paulo em organizar uma coleta para a igreja de Jerusalém: eles não querem que seja uma “mesquinhez”! (2Cor 8 e 9, 5-7). Mas uma “dádiva alegre”: quem semeia com generosidade, com generosidade colherá. Ordenará, mesmo que “cada primeiro dia da semana, deve se por de lado o que se foi capaz de economizar”. (1Cor 16,1-2).
             O desejo pelo dinheiro é uma triste herança de nossa natureza egoísta e medrosa: se não mortificado, degenera em “avidez insaciável que é idolatria!” (Col 3,5).
             Formando os seus colaboradores, Paulo recomenda que não sejam gananciosos para o ganho (Tt 1,7), mas sim “admoestai os ricos deste mundo a não ser orgulhosos, nem a confiarem na incerteza das riquezas” (1 Tm 6, 17-19). Em vez disso, ficai rico em boas obras...
             Recorda-te da palavra de Jesus: “acumula no céu e onde estará o teu tesouro, estará teu coração” (Mt 6, 19-21).

             Paulo é também severo com aqueles que continuam viciados em mentir: dificuldade! E raiva: não dar lugar ao diabo que quer insinuar-se sempre com “conflitos, discordâncias, desordens, divisões...” (Ef 4, 25-31 e 2 Cor 12,20).
             E que ninguém roube mais! Nem usem palavrões. Empenhai a vossa honra   a viver em paz, ocupai-vos dos vossos negócios e trabalhai para levar uma vida decente, para não precisar de ninguém. (1 Ts 4, 11-12)...

             Portanto, vigia atentamente a tua conduta; aproveita do tempo presente, porque os dias são ruins... também o salmista te recorda: você pode se tornar irrepreensível se você estiver livre do “grande pecado”, o orgulho! (sl 19). No entanto, passa a cena deste mundo (1 Cor 7, 29-32), tudo é muito breve e precário: saber, portanto, entender a vontade de Deus (Ef 5, 15-20).
            

“ De resto, fortalecei-vos no Senhor e no vigor de sua potência”  “Ef 6, 10-11).


                                         Com paternal afeto

                                                                                                 Don Sérgio  

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