ADVENTO 2012
"SEJA IRREPREENSÍVEL A SUA CONDUTA ENTRE OS GENTIOS" (1 Pd 2,12)
“Irrepreensível”: palavra difícil e,
sobretudo, de responsabilidade! Vou dizer-vos: por tudo aquilo que faz ou como
vive, ninguém pode mudar qualquer anotação; ou levantar-se contra criticas ou
reprovações de qualquer tipo. Em resumo: não precisa ter medo.
Uma conduta irrepreensível pode, portanto,
parecer uma tarefa difícil; mas os Apóstolos, em suas cartas, parecem não
conhecer outro tipo de recomendação. Mesmo Pedro insiste: “esforcem-se para que Deus os encontre sem mancha e sem culpa, vivendo
em paz.” (2Pd 3, 14) e “assim como é santo o Deus que os chamou, também vocês tornem-se
santos em todo o comportamento” (1Pd 1, 15).
Mesmo sabendo que o seu povo está
firme na verdade que possuem, Pedro preocupa-se para que, mesmo depois de sua
morte, eles não se esqueçam de suas exortações. (2Pd 1,12-15).
“Manter-se acordado” com exortações
semelhantes, é uma ânsia que acompanha também muitos ensinamentos de Paulo. Ele
deseja a santidade de vida do cristão:
“Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1, 4).
Pressionando os Filipenses, recomenda a orientar para o melhor e ser “íntegro e irrepreensível” para o dia
de Cristo (1,10). Por isto, façamos “tudo
sem murmuração e sem críticas. Sejamos irrepreensíveis e simples..." (2,
14-15).
Aos Colossenses recordará
que Deus os reconciliou para serem, agora, santos, imaculados e irrepreensíveis
diante dele (1, 22).
Aos Tessalonicenses, Paulo mostra-se como “pai” com seu comportamento
santo, justo e irrepreensível, para que eles também se comportem de maneira
digna daquele Deus que os chama à sua glória. (1Ts 2, 10-12). Portanto, estejam
“ firmes e irrepreensíveis na santidade
diante de Deus” (1Ts 3,13) .
Enfim, afetuoso, deseja: “Que o Deus da paz conceda a vocês a plena
santidade. Que o espírito, alma e corpo de vocês sejam conservados de modo
irrepreensível para a vinda de nosso Senhor.” (1Ts 5, 23).
Também Tiago deseja... “sejam perfeitos e íntegros, sem nenhuma
deficiência”. (Tg 1, 4).
E até mesmo em uma breve
carta como a de Judas, esta atitude é recomendada: “que o Senhor vos preserve de qualquer falta para que vocês compareçam
diante de sua glória, sem defeitos e na alegria.” (24)
Mais forte é João: “sabemos tê-lo conhecido, se observarmos os
seus mandamentos. Quem diz que conhece a Deus, mas não cumpre os seus
mandamentos, é mentiroso e a Verdade não está nele” (1Jo 2, 3-4).
O Apocalipse, ao invés,
enfatiza os frutos de um comportamento
fiel e perseverante, “de quem tem ouvidos, isto é, quem escuta aquilo que o
Espírito disse à Igreja” (2 e 3).
Mas o pedido de uma conduta santa encontra sua raiz na fé
dos Patriarcas: para Abraão, Deus falou: “caminha
na minha presença e sê perfeito” (Gn 17, 1). Isaac caminhará com o Senhor, obediente e homem de paz, (Gn 22, 7-10).
Muito atormentado foi o caminho de Jacob, mas o conduzirá a uma “benção”
celeste! (Gn 28, 12-15 e 32, 27-30).
Depois com Moisés, se dará a
revelação e o convite para a “aliança” com Deus, que ama o seu povo e está
perto, para conduzi-lo à ...santidade!
“Assim ordenará a toda a
comunidade – dirá Deus a Moisés – sejam
santos porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. (Lv 19,2).
O comprometimento do
povo?...
“Escutar” cada dia aquela
“palavra” que lhe queimará a alma! Sim, Israel, tu amarás o Senhor Deus com
todo o teu coração, com toda a alma e com toda a tua força. (Dt 6,4-5).
De tudo o que foi revelado (...
e ainda não é tudo) parece evidente o motivo de tanta insistência por parte dos
apóstolos nesta recomendação, isto é, um comportamento irrepreensível: a vida de cada homem se concluirá “diante de Deus”
no “dia do Senhor”, quando com todo o coração, com toda alma, com todo o nosso
ser, seremos revestidos da mesma caridade divina e este abismo, torna-se louvor sem fim da glória de Deus!
(Ef 1,12)
Este é o sentido da vida que
os apóstolos não se cansam de testemunhar, de anunciar: mesmo antes da criação,
o homem é um “predestinado” a viver a mesma
hereditariedade do Filho eterno de Deus! (Jo 17, 24-26)
Mas não basta! O empenho de “manter
acordados” os fiéis – como disse Pedro, (2 Pd 1, 12-13) – recordando sempre “quais
são as riquezas da glória dessa herança” (Ef 1,18) e que responsabilidade de
“dever agradar a Deus”, conhecendo que a “sua vontade é... a nossa
santificação” (1 Ts 4,1. 3), evidencia outra preocupação dos apóstolos, que não
podem silenciar: a história é atravessada por um inimigo!
Isto está em vigor, o “mistério
da iniquidade” (2Ts 2): deve vir
primeiro a apostasia, depois aparecerá o homem ímpio, o filho da perdição
"...
Os apóstolos não temem: o
Senhor está conosco, nós o vimos, possuímos seu “pensamento”, com Ele dividimos
os “sentimentos”, somos movidos por seu amor ao revelar-nos “deixa que os
mortos enterrem seus mortos” (Mt 8,22), incessantemente, a misericórdia de
Deus.
Portanto, não ignoram as
“maquinações de satanás” (2 Cor 2,11), mas tremem ao pensar que os seus fiéis
possam “cair em qualquer tentação” (Mt 26,41). Compreende-se neste propósito, a
preocupação de Paulo: “não podendo mais
suportar, mandei colher informações a respeito de vossa fé, temendo que o
Tentador vos tivesse seduzido, tornando em vão o nosso trabalho.” (1 Ts 3,5).
Torna-se, então necessário um
comportamento “irrepreensível”, para desmascarar a cilada de tal adversário.
“Homicida desde o princípio –
revela Jesus – e pai da mentira, porque não perseverou na verdade”.(Jo 8,44).
“Como um leão rugindo - confirmará Pedro – vai procurando a quem devorar” (1Pd
5,8).
Odeia Deus, espalha
divisão, é “forte em iludir”...
Para João é o “anticristo” (1Jo
4, 1-6); seduz e engana os homens para depois acusá-los diante de Deus e com
sorriso infernal, blasfema e acusa Deus diante dos homens. É o terrível “dragão
do Apocalipse” (12), o “príncipe do mundo" (Jo 14,30). Por inveja, causa
destruição e guerra; trevas e morte (Sb 2, 24). Para sua decepção tudo se torna
tão fugaz; tudo se corrompe e se dissolve: céu e terra passam com um estrondo.
(2Pd 3, 9-13).
“Não restará pedra sobre pedra que não seja arruinada...” (Mt 24,1-2).
Mas o diabo não tem nenhum poder sobre Jesus! O Senhor o destruirá com o sopro
de sua boca e surgirá o esplendor de sua vinda!
Não obstante a dureza de Satanás
que de bom grado iria arrastar a nossa pobre história ao inferno, os
sofrimentos do tempo presente nada são para comparar-se à glória futura. As
dores do mundo, segundo a feliz intuição de Paulo, não é evidência de uma
falha, mas sim um sinal de que o universo está se preparando para um
nascimento. A criação geme, mas para dar à luz: novos céus e nova terra! ...(Rm
8, 18-23).
Portanto, com impaciência, os
atuais sofrimentos estão esperando a revelação
dos filhos de Deus; a última e definitiva vitória de Cristo, que sentado na
glória do Pai, pode interceder e “resgatar-nos deste mundo perverso” (Gl 1,4).
Também se “no presente não
vemos ainda todas as coisas que lhe estejam submissas (Hb 2,8) – em virtude do
poder que tem de submeter a si todas as coisas – todavia o seu amor atrai-nos e
se transforma para o dia final, conformando nossos corpos humilhados, ao seu
corpo glorioso” (Fl 3, 21)
Advento é, portanto, tempo
de vigiar: este evento vai acontecer!
Como nos encontraremos
“qualquer dia” diante de Deus?
Cara irmã ou irmão, em que
ponto está teu caminho de “santificação?”
Advento é também tempo de sobriedade: para tratar seriamente,
tenhamos atitudes de conversão. É necessário um exame acurado e profundo da
vida, para suplicarmos ao Senhor cura e salvação.
O apóstolo pode ajudar-te.
Paulo vê o desencadeamento de nossas paixões, o abandono da verdade, o desprezo
do conhecimento de Deus! Podes começar a examinar-te sobre aquele... elenco de
Romanos 1, 28-32.
Para Paulo, é central na
vida o mistério pascal; confessará: “Cristo me amou e deu sua vida por mim:
agora vive em mim!” (Gl 2, 20). Mas Cristo morreu por todos no tempo
previsto (Rm 5, 6-8), eleito para servir como instrumento de espiação... no seu
sangue (Rm 3, 25).
...”pagando alto preço pelo teu resgate! (1
Cor 6,20; 7,23) agora somos seus” (1 Cor 3, 21-23).
Por isso o apóstolo sofre “ciúme
divino”: eu os entreguei a um “esposo”
único! (2 Cor 11,2). “O teu corpo não é para a imoralidade e, sim para o Senhor;
é templo do Espírito Santo” (1 Cor 6, 12-19).
Você está consciente da
desordem sobre a vida sexual?
“Você foge da fornicação?”
Quanto e como você vive sua pertença a Cristo? (Rm 7,4 e Gl
3,29).
Não é o mais graves entre os
pecados, mas, entretanto, Paulo frequentemente adverte sobre o respeito ao
próprio corpo como ao corpo do outro e vê a fornicação como a que ocupa o
primeiro posto entre as obras da carne. (Gl 5,19 e 1Cor 5,11).
Assim sobre os pecados cometidos
pelo povo no deserto – gravíssimos –
Paulo só mostra o número dos caídos os que praticaram a fornicação (1Cor
10,1-13). Tem medo de ter que chorar sobre muitos fiéis ainda não convertidos de
impurezas, de prostituição e lascívia. (2Cor 12,21).
Cegueira, ignorância, dureza
de coração, insensibilidade, entregaram-se “a toda sorte de impurezas com ávida
insensibilidade” (Ef 4,18-19).
Paulo não tolera que os seus
fiéis venham a ser feridos e enganados a propósito do comportamento com seu
próprio corpo: “Deus não te chama à impureza, mas à santificação” (1Ts 4, 2-8).
E quanto à fornicação e qualquer espécie de impureza e cupidez, nem sequer se
fale entre vós” (Ef 5,3-4).
Mas o apóstolo se preocupa que
seus fiéis cometam outro grave pecado: “o amor ao dinheiro. É a raiz de todos
os males. Porque nada trazemos para este mundo e nada podemos levar. Então,
quando tivermos o que comer e o que vestir, contentemo-nos com isso”. (1 Tm 6,
7-10)
A pobreza ensinada e abençoada
pela palavra e pelo exemplo de Jesus, continua a ser um compromisso constante
na pregação apostólica: Tiago, Pedro e João como um sinal de comunhão com a
missão de Paulo, rezarão para lembrar dos pobres (Gl 2, 9-10). Será grande ,
portanto, o zelo de Paulo em organizar uma coleta para a igreja de Jerusalém:
eles não querem que seja uma “mesquinhez”! (2Cor 8 e 9, 5-7). Mas uma “dádiva
alegre”: quem semeia com generosidade, com generosidade colherá. Ordenará,
mesmo que “cada primeiro dia da semana, deve se por de lado o que se foi capaz
de economizar”. (1Cor 16,1-2).
O desejo pelo dinheiro é uma
triste herança de nossa natureza egoísta e medrosa: se não mortificado,
degenera em “avidez insaciável que é idolatria!” (Col 3,5).
Formando os seus colaboradores,
Paulo recomenda que não sejam gananciosos para o ganho (Tt 1,7), mas sim “admoestai
os ricos deste mundo a não ser orgulhosos, nem a confiarem na incerteza das
riquezas” (1 Tm 6, 17-19). Em vez disso, ficai rico em boas obras...
Recorda-te da palavra de Jesus: “acumula no céu e onde estará o teu
tesouro, estará teu coração” (Mt 6, 19-21).
Paulo é também severo com aqueles que continuam viciados em mentir:
dificuldade! E raiva: não dar lugar ao diabo que quer insinuar-se sempre com
“conflitos, discordâncias, desordens, divisões...” (Ef 4, 25-31 e 2 Cor 12,20).
E que ninguém roube mais! Nem usem palavrões. Empenhai a vossa honra
a viver em paz, ocupai-vos dos vossos negócios
e trabalhai para levar uma vida decente, para não precisar de ninguém. (1 Ts 4,
11-12)...
Portanto, vigia atentamente a tua
conduta; aproveita do tempo presente, porque os dias são ruins... também o
salmista te recorda: você pode se tornar irrepreensível se você estiver livre
do “grande pecado”, o orgulho! (sl 19). No
entanto, passa a cena deste mundo (1 Cor 7, 29-32), tudo é muito breve e
precário: saber, portanto, entender a vontade de Deus (Ef 5, 15-20).
“ De resto, fortalecei-vos no Senhor e no
vigor de sua potência” “Ef 6, 10-11).
Com
paternal afeto
Don Sérgio