"Também vós leigos podeis viver a espiritualidade das Filhas de Sant'Ana; ser os cem braços e chegar lá onde as Filhas não podem chegar" Intuição de Rita de Maggio - 09 de dezembro de 1981


segunda-feira, 5 de março de 2012

Carta quaresmal de Dom Sérgio e Rita


MOVIMENTO DA ESPERANÇA
Páscoa 2012

“... PARA QUE EU POSSA CONHECER CRISTO, O PODER DE SUA RESSURREIÇÃO”  (Fl 3,10)


            Certamente este desejo de Paulo encontra sua origem na experiência dramática de Damasco (At 9; 22 e 26); ali pela primeira vez Paulo “conheceu” o Ressuscitado; antes, “foi por Ele conhecido” (Gl 4,9). De repente: desorientação... confusão... A súbita luz o cega, transpassa-o a voz...

           Cai no chão

           Nesse instante experimenta um tormento por ter vivido um terrível engano!
           Aquele brilho o jogou no escuro. E sem força. Era falso, desde então, o seu zelo por Deus? “Mas um zelo pouco conhecido” (Rm 10,2)
          O Crucificado está longe do escândalo para Israel; nem os seus seguidores são culpados de heresia!
         Da escuridão de sua alma, aflora repugnância pelo seu passado; por aquele estremecer obsessivo, as ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, provocando seus sofrimentos com um fanatismo cruel. Mais tarde deverá confessar que perseguia com violência a nova doutrina e, furioso, havia devastado a Igreja de Deus! (Gl 1,13).

          Em Damasco, agora, deitado no chão!

         Perturbada a mente, o coração...
         Três dias de angústia, de jejum. A oração sai... de onde? De uma profundeza inexplorada. Somente um gemido, que não lhe dá paz: “Eu persegui Deus, o meu Deus! Eu semeei o terror... Como implorar misericórdia? Como sair do meu inferno, fruto da minha cegueira? É possível consertar este mar de tristeza? Ainda poderei ter sentido na vida?”
         Paulo sente desolação dentro e em torno dele... Parece-lhe familiar o grito agudo de Caim: “Muito grande a minha culpa para obter perdão!” (Gn 4,13).

        “Adão” – cada homem! – é perdido; caminha pelas trilhas da ilusão, da amargura. Não é mais disponível para ouvir... Agora se esconde de Deus; o impacto dramático da sua presença lhe revela a sua própria nudez, o seu medo (Gn 3, 8.10). A vontade de Deus que, de repente o atinge, causa um protesto doloroso: “ Quem é este homem para fazeres tanto caso dele,  o escutares a cada manhã e a cada instante o colocas à prova? Porque não perdoas  o meu pecado e não afastas a minha iniqüidade? Logo eu me deitarei no pó e não existirei mais” (Jó 7, 17-21).
        Uma vontade que não deixa escapar; parece olhar para ele... para matá-lo! Se revolta, resiste...
       
        Adão resiste

        Mas pode ser boa aquela vontade que faz Abraão querer matar o próprio filho?   (... no entanto, como é grande a descendência dessa criança!) (Gn 22).
       Ou aniquilar Isaias com uma visão no Templo, súbita e brilhante? (... mas não podemos deixar de anunciar a santidade e... havendo tanta nostalgia! De beleza (Is 6)
       Impedir Jeremias da alegria de formar uma família e mandá-lo pregar para as pessoas que não o escutarão? (... mas será a única maneira de salvar a vida de Jeremias! (Jr 16,2 e 40, 1-5).
      A vontade de Deus vai “perturbar” a vida de um velho pastor solitário, agora mais habituado ao silêncio, incapaz mesmo de falar: Moisés. Ele deverá libertar um povo inteiro da opressão do Faraó! Também o velho e futuro líder.... resiste!  (Ex 3, 6-11).
     Que seria de Moisés, de Israel... de Paulo, se Deus não passasse em suas vidas? Se não houvesse gritado: “onde está você?” (Gn 3,9). Deixar-te olhar! Deixar-te amar!...

      O Crucificado que Paulo perseguia está vivo! Agora Ele o manda ficar de pé, entrar na cidade: lá lhe será dito o que deve fazer. Um novo caminho... Paulo torna-se “servo de Jesus Cristo, apóstolo por vocação, escolhido para anunciar o evangelho” (Rm 1,1).

       “Um abismo é o homem e seu coração é um abismo” (Sl 64,7). Também o coração de Paulo, um abismo: não podemos sondar os sentimentos mais íntimos; mas ao menos tentar imaginar o trauma psicológico que o atingiu, imediatamente. Por toda a sua vida, como um fiel zeloso, procurou a glória de seu Deus; o Senhor do Sinai; o “três vezes Santo” revelado por Isaias. Absurdo querer descobrir o “rosto” do “Senhor dos exércitos”, como queria Moisés (Ex 33, 18-20); não é possível fazer um “ídolo ou qualquer imagem”.
       Agora a face de um condenado à morte, “não um homem, mas verme; infâmia dos homens e desprezo do povo” (Sl 22,7), é adorado como um Deus!... Escândalo para um doutor da Lei como Paulo; blasfêmia terrível!
      Aquele tormento para um homem assim determinado; um crente sincero... Angústia, ânsia... Mais que “acender-se a ira ou jogar as tábuas da Lei e quebrá-las” como havia feito Moisés pelo pecado do bezerro de ouro (Ex 32, 19). Paulo “ruge ameaças de morte e quer levar presos para a cadeia” os seguidores desta perversa doutrina!
       Em seguida o relâmpago, a voz: “Eu sou Jesus a quem tu persegues!”

       E Damasco torna-se a páscoa de Paulo...

       “Um abismo chama outro abismo” (Sl 42,8): o rosto desprezível e vergonhoso de um condenado, inchado e desfigurado, diante de quem os homens escondem o horror, agora brilhante, vivo, com “olhos flamejantes como fogo, onipotente! A voz como o fragor de muitas águas!” (Ap 1, 14-15).
       Certamente os doze apóstolos continuam sendo as testemunhas privilegiadas de toda a obra de Jesus: vida, ensinamentos, morte, ressurreição... Paulo a vista deles, é como “um aborto”. O menor dos apóstolos, não é digno de ser assim chamado. (1 Cor 15,3-11). Mas não pode negar que em Damasco, também ele viu Jesus (1 Cor 9,1).
Não só – e é uma emoção! – ele tem o “pensamento” (1 Cor 2, 16). 
      E a “graça” do Ressuscitado não será em vão! Paulo “acima de tudo, achará difícil”; por gratidão, por excesso de reconhecimento por se ver alcançado pela misericórdia do Ressuscitado. Paulo, em uma época violenta, foi blasfemador, perseguidor. É quando confessa aos discípulos (1 Tm 1, 12-17): “agia sem saber, longe da fé, mas Jesus quis demonstrar toda a sua generosidade primeiramente a mim, como exemplo para os que depois iriam acreditar nele.”
      O’ profundidade da sabedoria de Deus! Quantos são impenetráveis os seus juízos!”(Rm 11,33). Misterioso o caminho da “graça”; realmente a Paulo será dada “uma medida recalcada, sacudida e transbordante será paga na alma” (Lc 6, 38). Jesus viverá nele (Gl 2, 20) e... “graça sobre graça” (Jo 1, 16) o guiará.
        “Onde o pecado abundou (no corpo do servo sofredor de Deus...), superabundou a graça (no corpo glorificado do Filho Unigênito de Deus!”) (Rm 5, 20).
        Paulo é fascinado – e... conquistado – pelo evento-páscoa: ele o viveu em sua carne. Mesmo recalcitrando, teve que aceitar que também por ele – ímpio! – Cristo desejou morrer no “tempo estabelecido” (Rm 5, 6-11) e ressuscitando, desejou encontrá-lo, oferecendo-lhe o perdão e propondo-lhe... a missão!
        Agora a história da humanidade tem que lidar com a realidade deste Ressuscitado! Mantendo-se misteriosamente inserido no nosso dia-a-dia, Jesus introduziu no mundo, espaços de vida acima e além do quanto podemos pensar e querer. Este Jesus não morre mais! Fez a morte inofensiva; com ele parece ter perdido a cor da tragédia.
        Proclama decididamente: “Eu sou a ressurreição!” (Jo 11, 25) e lança no coração do mundo o evento de sua páscoa, sinal de contradição.
        A sabedoria humana não sabe e não pode lidar com este acontecimento que põe em crise: Deus realmente pode recompensar com a ressurreição, o homem Jesus que decide que quer expiar o mal do mundo, aceitando morrer pelos pecadores com uma morte absurda? Não é só loucura? E não pode parecer um absurdo que um dos seus discípulos confessou de ter subido a um terceiro céu, seqüestrado pelo mestre morto que estava vivo naquele paraíso e ouviu palavras inefáveis? (2 Cor 12, 1-6).
       
        De fato, Paulo penetra no mistério de um conhecimento mais que sublime: compreende que é “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo...” (Ef 3, 14-19).
        O mundo, com a sua sabedoria, desprezou o conhecimento de Deus (Rm 1, 28). Pensa agora, por ignorância e vaidade, ter matado o “autor da vida” (At 3,15). Mergulhado nas trevas do desespero o mundo dos homens se torna um escravo da morte; neste inferno, apenas a compaixão de Cristo pode entrar, iluminando com a sua ressurreição a história da humanidade.
        Guiado pelo Espírito que perscruta as profundezas de Deus (2 Cor 2, 10), Paulo agora entende que onde há trevas, dores, morte, lhe será melhor: certamente se fará presente a misericórdia de Deus. É ali, nas profundezas da tragédia humana, que deve esperar a erupção da vida: a “páscoa”. Ele deve esperar... Para a páscoa!

        De fato, Deus sempre afirmará a sua palavra eterna: “tenho planos de paz, não de desventuras” (Jr 29, 10-12); “não tenho nenhum prazer na morte de alguém” (Ez 18, 32); “eu vi a miséria do homem; ouvi o seu grito; conheço o seu sofrimento. Estou sempre perto dele para libertá-lo e fazê-lo sair...” (Ex 3, 7-12). Portanto: “cada lágrima será enxugada e será rasgado cada véu desonrado que envolve de tristeza o rosto das pessoas...”

     “... agora é eliminada a morte!” (Is 25)

        De tal evento de vida, a páscoa de Jesus, os apóstolos são, finalmente, alegres servidores. Deverão levá-la até os confins da terra. Para essa tarefa gozam de um lugar privilegiado: o último!
       Contemplam o mistério de Deus, a sua vontade de revelar-se... escondendo-se! Por isso, João testemunha: o Verbo criador se faz visível, saindo das profundezas da vida divina e assumindo a vida de... um homem comum (Jo 1, 1-18): um operário em um vilarejo sem história, de uma pequena nação, faixa de terra espremida entre grandes povos, dominada pelos estrangeiros. Há 30 anos preso por suas idéias e condenado inocente a uma morte cruel...
           Deus verdadeiramente viveu naquele canto de mundo? E escolheu descer em uma história obscura e banal? Desejando, além disso, caminhar e levar uma vida comum com um pequeno grupo de humildes pescadores? Seguramente um lugar, o seu, longe do olhar do mundo... que conta: amante do prestígio, do poder, da riqueza!
          Um lugar zelosamente conservado pelos discípulos do Verbo feito homem, quando ele retomou a sua glória e não mais será visível na história do mundo. Continuando a fazer-se presente para os seus, assistindo-os e encorajando-os (At 18, 9-11).
          De fato, os apóstolos são conscientes de ter um “tesouro em vasos de barro” (2 Cor 4, 7-12); ricos pela graça que incessantemente os conforta, porém fracos e inadequados para a obra ao qual foram chamados: testemunharem ao mundo a “páscoa”.
Escreve Paulo: “Eu creio que Deus reservou o último lugar para nós apóstolos, como se estivéssemos condenados à morte, espetáculo para os anjos e para os homens... Nós somos loucos, desprezados, lixo do mundo!” (1 Cor 4, 9-13). Levar, de fato, em seu corpo a morte de Jesus, para que também na vida de Jesus se manifeste a salvação. Em resumo, completar a obra de Jesus. (Cl 1, 24).
           Na fraqueza do homem, faz-se presente a força de Deus! (2 Cor 12, 9).
           Desta fraqueza Paulo é simplesmente... enamorado. É a fraqueza de Cristo, o seu fazer-se obediente até a morte (Fl 2,8) para que o “perfume” de seu sacrifício possa difundir no mundo o conhecimento de Deus, de sua “passagem” entre nós. (2 Cor 2, 14-17).
         Uma leitura superficial pode parecer que Paulo maltrate a natureza humana; que pretende reduzir a nada... “porque pensa ser qualquer coisa” (Gl 5,3). Ou porque te iludes, acreditando-se sábio? (1 Cor 3,18). O que você possui que não tenha recebido?  
(1 Cor 4,7). E por que julgas e condenas? Tu não fazes a mesmíssima coisa! (Rm 2, 1-3) E sugere: és um escravo? Os lucros de tua condição! (1 Cor 7,21). Não és casado? Fica como eu. (1 Cor 7,8). Fica satisfeito se tens algo para comer e algo para cobrir-te!
(1 Tm 6, 7-8).
         Além da procura de sucesso, estima, satisfação, da segurança em tudo...
         Não basta: mobiliza mesmo o Espírito Santo porque com a sua ajuda os fiéis “mortificam”, isto é, “matam!” aquela parte de si que ainda pertence à terra (Cl 8, 12-17).
         Paulo não exagera: na luz da páscoa de Cristo vê “passar a cena deste mundo” (1 Cor 7,31) “Pertencemos a Cristo – revela – não somos mais dessa terra!” (1 Cor 3, 21 e 6,19).
        O tempo é curto: por que não fazer direto o que é digno e possam permanecer junto ao Senhor sem distração? (1Cor 7, 29-35). Por que não se abrir para o conhecimento verdadeiro e finalmente desfrutar o perfume da graça de Deus agora difundido no mundo? Talvez não queira ser, a convite de Paulo, o eco distante da palavra de Jesus,
o muito agitar-se de Marta: “uma só coisa é necessária” (Lc 10,42).

        Verdade que a nossa natureza é lenta, preguiçosa, mal colocada; em vez disso foi criada e redimida por um caminho de plenitude. Não pode agora desfrutar de pausas, sem mais perdas; nem toleram reclamações ou fraquezas. Deus se humilhou até a morte para entrar em nossa morte. Mais abaixo de lá ele não podia!...
       Ao contrário, com a sua ressurreição o nosso “subir com ele” não tem limites!
      Paulo é “alcançado” (Fl 3, 13-14) por esta ... graça infinita!
      É por isso que “tudo parece perdido” (Fl 3,8); tem os “olhos da mente iluminados” (Ef 1, 17-18): penetra nas realidades invisíveis e eternas; (2 Cor 4, 18) “inescrutável” (Ef 3,8), ainda a ser percorrido.
      Como é grande o fascínio que se sente atraindo aqueles que se deixam atrair?
      E Paulo foi tão longe, na verdade, quanto se  deixa “seduzir” (Jr 20,7), para nunca confiar em qualquer realidade visível?
      “Posso falar a língua dos anjos – explica – ou conhecer todos os mistérios e toda a ciência ou possuir todos os bens do mundo...” (1 Cor 13, 1-3); se a vida e o amor de Cristo não estão comigo e em mim... para mim, eu não sou nada!
       Então anseia por conhecimento, uma visão mais profunda de quem o amava; procurou com insistência quem havia se oferecido, até a morte, por ele; que teve piedade de sua vida, “transferindo-o para o seu reino! (Cl 1,13).
       Mas como é grande este reino sem fim, que de geração em geração, se dilata?
       Como um observador atento poderia descrever os limites?
        Passaram milênios e incontáveis multidões de confessores e virgens e doutores e mártires e pastores testemunharam o amor de Cristo; que os “atraiu” para si e depois os ensinou (Jo 6, 44-45) e “justificados” e... “glorificados” (Rm 8, 28-30).
        A compaixão de Cristo não para. Inesgotável... Com preocupação e firmeza exorta os seus (2 Cor 5, 14). Continua a criar mundos, as almas; a derramar rios de misericórdia sobre toda a humanidade.
        Quem pode conhecer os segredos da graça, que fala, inspira, avisa a consciência de cada homem?
        E como ousa conhecer a regra do Ressuscitado, sobre as criaturas angelicais? ( 1 Pd 3,22)
       Ou os seus poderes para “julgar”, quando gritará no final da história, uma extensão ilimitada de ossos secos (Ez 37), para sair dos túmulos? (Jo 11, 43).
       Impossível! No entanto, precisamente Paulo deseja isto: penetrar no mistério da morte e ressurreição de Jesus; viver na sua páscoa. Era necessário que o Senhor sofresse; ele o havia revelado (Mt 16,21). Paulo compreende que também para os discípulos é necessário que carreguem este sofrimento: para que tenham vida.
      “Está no lugar, de fato, o mistério da impiedade” (2 Tess 2, 1-12). O “príncipe do mundo” odeia a vida e deseja a morte de cada ser, do mundo, de Deus... (Jo 14,30 e 15,18-25). Só o sofrimento de Jesus, da sua “comunidade”, é o prelúdio para a vitória final sobre o mal... De fato, ele pode “abrir a sua mão e saciar todo ser vivente” (Sl 104, 28).
        Paulo tem sede deste “poder inescrutável e sabedoria de Cristo” (1 Cor 1,24), que vai descobrindo sempre mais. Parece banalizar todos ou pelos menos considerar nada como importante... Mas é somente ânsia daquele que não vai perder todas as riquezas da verdade e da vida que está vivendo a serviço do Evangelho.
       É a “pérola” (Mt 13,46) que encontrou e quer possuir renunciando ao resto. E foge com ela em direção ao objetivo que é lá no alto... (Cl 3, 1-2).
       A alma do apóstolo vibra ao pensamento de que no coração de Cristo estão contidos “todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2,3). Ou agradável torpor, quanto há para aprender, para conhecer! Quão longe você pode lançar um olhar?
      E como explorar naquele corpo glorioso toda “a plenitude da divindade”? (Cl 2,9).
      Paulo sentiu que estava introduzido no mistério do Ressuscitado: só nele vivemos todos.



       Portanto, em antecipação da Páscoa, não pode... gemer e sofrer!

       Sim, há ainda gemidos e tribulação! Mas também a tribulação é causa de... consolação. É quando revela aos Corintíos: “Nós não queremos que os irmãos ignorem como a tribulação que aconteceu conosco na Ásia, nos fez sofrer muito, além de nossas forças, a ponto de perdermos a esperança de sobreviver. Sim, nós nos sentíamos como condenados à morte para aprender que a nossa confiança já não podia estar amparada em nós, mas em Deus que ressuscitou dos mortos. E que nos libertou dessa morte e daquela morte nos libertará também” (2 Cor 1,1-10).

       Israel geme!

       Também por ele é necessário esperar que a Páscoa do Senhor se cumpra. Que está aberto à fé e as pessoas a encontrar a paz. A remissão de Israel será uma “ressurreição dos mortos” (Rm 11, 11-15).

       A Igreja geme e sofre!

       “De fato: gememos, embora possuindo os primeiros frutos do Espírito esperando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo” (Rm 8, 1827).


      Tudo geme: a criação, as pessoas, a Igreja, mas não com gemidos mortais; tudo está esperando por um nascimento que restitui a plenitude da vida...
      Agora é o Ressuscitado que é invocado, em nossa peregrinação. Paulo convida os fiéis a nutrir-se da “incessante oração” (1 Tss 5,17), a desejar: “em nome de Jesus, atingir força no vigor de seu poder. Senhor de todos e rico para com todos, não deixa decepcionados” (Rm 10,9-13 e Ef 6, 10-18).
      Estamos imersos na vida do Ressuscitado. Podemos nos apoiar confiantes no poder vivificante de Jesus. Paulo afirma: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13).
    
      Caríssimas irmãs e irmãos, eu tentei coletar a granel, algumas migalhas da experiência de Paulo, dos apóstolos sobre a Páscoa de Jesus: a sua morte e ressurreição. Acontecimento único e o mais dramático da história do mundo. Também tu, irmã e irmão, mais cedo ou mais tarde vais te encontrar em um primeiro dia da semana diante do sepulcro de Jesus. Que para ti estará vazio e deverás interrogar-te seriamente: onde puseste o seu corpo?

     Deixo-te uma última palavra de Paulo, um desafio para todos os infernos da história, também o teu!
     Um versículo luminoso que Paulo levanta sobre todas as pessoas, memorial de vida e de esperança.
      Nós somos, de fato, a geração adúltera e perversa; os ladrões ou os traidores ou os assassinos mais abjetos; propriedade de uma “legião” de demônios; ou sob o governo mais cruel e mais duradouro do Faraó, todavia:

“ninguém poderá nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus, Senhor de todos e nosso!” (Rm 8,38-39)

BOA PÁSCOA! Com paternal afeto    Don Sérgio Angelini       

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